quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Estrela!


Há pessoas que nasceram encantadas. Joel Santana é uma delas. O Botafogo era uma terra arrasada quando o treinador assumiu o time, no lugar do demitido Estevam Soares. A goleada de 6 a 0 sofrida para o Vasco foi dolorosa. Um torcedor queimou a camisa do clube em pleno estádio, ao vivo, para todo mundo ver. Joel chegou. E, se não transformou o elenco numa máquina de jogar futebol, primeiro recuperou os jogadores psicologicamente. Depois, buscou algum planejamento tático. E trouxe a sorte para dentro de General Severiano e do Engenhão. De quebra, no meio do caminho, descobriu o garoto Caio.


Resultado do conjunto de ações da prancheta mágica: na segunda semifinal da Taça Guanabara, o Botafogo venceu o Flamengo, de virada, por 2 a 1 e fará a final contra o Vasco. E sabem quem foi o herói da noite? Caio, é claro. Esse truque nem Paulo Barros faria…


A estrela chegou pela quarta vez em cinco anos a uma final da Taça Guanabara (venceu em 2006 e 2009) graças a um sistema simples, muita garra e ao comando inspirado de Joel. Quem viu o jogo não teve como discutir que o Flamengo foi melhor na maior parte do tempo. Criou chances e mais chances no primeiro e no segundo tempo. Mas perdeu todas por conta de falta de tempo de bola em algumas (efeito do carnaval), afobação em outras e incompetência no restante. E, defensivamente, a defesa falhou mais duas vezes e mostrou que continua sem rumo em 2010. Todos esses problemas, aliados à estrela de Joel, à garra alvinegra e à empáfia e soberba de alguns rubro-negros em campo explicam a derrota.


E o Botafogo? Joel montou o time para marcar e jogar bolas altas na área do Flamengo, para explorar o tamanho e a excelente impulsão de Loco Abreu. A marcação alvinegra não deu certo. O meio de campo se perdeu e quase não funcionou. Mas a tática ofensiva, sim. Vinícius Pacheco fez 1 a 0 aos 24min do primeiro tempo, mas Marcelo Cordeiro empatou aos 33min. Cruzamento, bola ajeitada de cabeça pelo uruguaio, chute de Herrera, rebote de Bruno e conclusão final do lateral-esquerdo.


No segundo tempo, mais chances perdidas pelo Flamengo. E, a sete minutos do fim, nova bola ajeitada por Herrera (agora em cima de Angelim) e gol do garoto Caio. Reparem bem: sorte, treinamento, cruzamento, pivô de Loco Abreu/Herrera, gol de Caio. Todos elementos são frutos do trabalho de 25 dias de Joel. Ou não?


O Botafogo já teve times mais fortes nos últimos anos. E todos perderam para o Flamengo, nas três últimas decisões. Esse é mais limitado. E ganhou. Talvez tenha mais personalidade. Em campo e fora dele. E, muito provavelmente, o adversário estava mais auto-suficiente. E mais seguro de si, até porque há 10 partidas e três finais de Estadual não perdia para o rival.


Deu tudo ao contrário. Desta vez, deu Caio. Deu Abreu. Deu Botafogo. E deu Joel Santana. De novo!

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